A reeleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos em 2024 marca um capítulo surpreendente na história política americana, ressuscitando um líder cuja figura havia se tornado sinônimo de divisões internas e tensões globais. Sua campanha bem-sucedida e o fracasso da oponente Kamala Harris não são apenas reflexo de disputas partidárias: eles apontam para um cenário de transformações nos meios de comunicação, na estratégia política e na economia global.

Estratégia de Trump: Rumo ao Retorno

Para compreender como Trump voltou ao Salão Oval, é necessário entender que sua campanha foi cuidadosamente construída para uma era de desconfiança generalizada e polarização. As lições da eleição de 2020 foram absorvidas e refinadas para 2024, onde a estratégia central foi o uso intensivo das redes sociais, apresentando-se como o “outsider” necessário para “restaurar a América”.

1. Uso das Redes Sociais e Comunicação Direta

Trump evitou a mídia tradicional, que ele frequentemente acusa de “notícias falsas”, em favor de plataformas diretas como seu próprio site e aplicativos de comunicação emergentes. Com uma mensagem central de “resgatar” a nação de políticas que, segundo ele, enfraqueceram a economia e a segurança, sua campanha direcionou anúncios segmentados e publicações cuidadosamente direcionadas ao público conservador, mas também a um número crescente de eleitores “independentes” e decepcionados.

2. Economia e Empregos

Em um momento em que a economia global enfrentava desafios pós-pandêmicos, Trump enfatizou o emprego, a inflação e a promessa de um “renascimento” econômico. Destacando a alta nos preços e as incertezas do mercado, ele atacou a atual administração democrata como responsável por uma economia debilitada. Esse discurso foi recebido com entusiasmo em áreas rurais e na classe trabalhadora, que buscaram em Trump uma figura de ação concreta.

3. Mensagem Patriótica e Política Externa

Trump reviveu seu antigo mantra de “América em Primeiro Lugar” e o ampliou com promessas de proteger os interesses americanos em um cenário internacional competitivo. Ao criticar o envolvimento dos EUA em conflitos externos e prometer uma política comercial mais protecionista, Trump mobilizou eleitores que buscavam uma política mais voltada ao cenário interno.

Erros e Acertos da Campanha de Kamala Harris

A vice-presidente Kamala Harris enfrentou um desafio complexo ao tentar suceder Joe Biden. Sua campanha foi pautada na continuidade das políticas democratas, com forte foco em igualdade social e econômica, justiça racial e temas progressistas. Porém, alguns pontos fragilizaram a campanha, refletindo dificuldades que Trump soube explorar com eficiência.

1. Falta de Foco em Questões Econômicas Imediatas

Harris enfatizou questões sociais e ambientais, mas foi criticada por não responder prontamente às preocupações econômicas que dominavam o eleitorado. Apesar de prometer mudanças progressistas, a falta de clareza sobre o impacto econômico imediato dessas políticas contribuiu para uma perda de apoio em estados-chave. A narrativa de “sustentabilidade e justiça social” não ressoou tão bem quanto a mensagem de “emprego e segurança” de Trump.

2. Dependência das Grandes Mídias

Harris continuou com uma estratégia midiática mais tradicional, ao passo que Trump focava em canais alternativos e redes sociais. O distanciamento do eleitorado independente e o aumento da desconfiança em relação às grandes mídias enfraqueceram o alcance da campanha de Harris, que perdeu apoio crucial entre eleitores centristas.

3. Subestimação da Base Conservadora

Harris e os democratas falharam em capturar a amplitude do apoio conservador ao ex-presidente. Embora houvesse tentativas de atrair eleitores moderados, Harris não conseguiu convencer indecisos que se voltaram a Trump em busca de “mudança real” — algo que, ironicamente, ele simbolizou ao se posicionar como a figura contrária ao status quo.

As Repercussões Globais da Reeleição de Trump: O Que Está Por Vir?

A vitória de Trump em 2024 traz consigo um potencial de reestruturação profunda da economia e das relações internacionais. Analistas e líderes mundiais observam com preocupação o retorno de uma política mais protecionista e nacionalista, que pode impactar o comércio, as alianças estratégicas e até a sustentabilidade das relações multilaterais.

Impactos Econômicos

Em termos econômicos, a política “América em Primeiro Lugar” é esperada para impulsionar reformas fiscais que beneficiem grandes corporações e reduzam regulamentações ambientais, trazendo ganhos rápidos para o setor industrial e de energia. O risco, no entanto, é que um protecionismo exacerbado diminua o comércio internacional, prejudicando tanto o mercado global quanto as economias em desenvolvimento. Com a inflação e o emprego como pontos centrais, é possível que Trump execute políticas que aumentem o endividamento interno, gerando um efeito de curto prazo positivo, mas com riscos inflacionários elevados para o futuro.

Reação Internacional e Relações Exteriores

A relação de Trump com parceiros internacionais será um teste de resiliência para muitas nações aliadas dos EUA. Há expectativas de que a OTAN e outras alianças possam ser colocadas em xeque, levando países da Europa a buscar estratégias de defesa independentes. Um afastamento dos EUA de organizações internacionais poderia abrir caminho para que outras potências, como a China, ampliem sua influência no cenário global. Além disso, o Oriente Médio deve observar uma política menos intervencionista, com Trump priorizando acordos bilaterais sobre soluções multilaterais.

Conclusão Técnica e Expectativa para os Próximos Anos

A eleição de Trump representa mais do que uma simples alternância de poder. Trata-se de um reflexo da insatisfação de uma parte significativa dos americanos com a política convencional, e um chamado para políticas que respondam diretamente a questões econômicas imediatas. A sua abordagem nacionalista e direta marca um novo ciclo de confrontos ideológicos, tanto no cenário doméstico quanto internacional.

Se Trump conseguirá ou não cumprir suas promessas de renascimento econômico e proteger os interesses americanos sem isolar o país do cenário global ainda está para ser visto. A nova presidência de Trump, no entanto, tem potencial para gerar efeitos colaterais que vão moldar o cenário mundial pelos próximos anos, provocando um redimensionamento das alianças tradicionais e testando a estabilidade das economias globais.

Resta saber: o impacto desse retorno controverso poderá representar uma mudança definitiva na política americana ou será um experimento temporário que encontrará resistência tanto dentro quanto fora do país? A resposta a essa pergunta definirá não apenas o futuro dos EUA, mas também o equilíbrio econômico e geopolítico em todo o planeta.

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