Vamos começar com uma pergunta incômoda:
Quantas pessoas a sua empresa contratou com base em dados? E quantas foram contratadas por afinidade, indicação ou “feeling”?
Se você está sendo honesto, a resposta é provavelmente assustadora.
Vivemos a era da inteligência artificial, do big data, da análise preditiva — mas quando o assunto é gente, a maioria das empresas ainda age como se estivesse em 1995.
Contrata-se por instinto. Demite-se por frustração. E o ciclo se repete.
O turnover é só um sintoma
Quando falamos de altos índices de rotatividade, estamos olhando para a febre — não para a infecção.
O problema real é anterior: está na forma como escolhemos as pessoas que colocamos dentro das empresas.
E a verdade é dura: a maioria das contratações é feita sem método, sem critérios objetivos e sem conexão real com a cultura ou com o desafio do cargo.
A falácia da indicação
“Mas foi indicação de confiança.”
Sim, claro. De confiança pessoal, não técnica. E isso importa — muito.
Indicações são atalhos emocionais. Eliminam o esforço da análise, nos confortam com o argumento da “familiaridade”.
Mas atalhos raramente levam aos melhores destinos.
Exemplo clássico:
Uma empresa contrata o primo do gerente comercial para a área de atendimento. Ele é “gente boa”, “trabalhador”, “responsável”. Mas não tem aderência ao ritmo da empresa, não entende o tom da marca, não sabe lidar com pressão. Três meses depois, sai frustrado. E o gerente ainda fica magoado.
Agora multiplique esse erro por dez. Bem-vindo ao seu turnover.
Contratar com dados é o novo normal
Contratar baseado em dados não é desumanizar o processo — é profissionalizar.
É entender que a decisão mais estratégica que uma empresa toma não está no planejamento financeiro, mas na escolha de quem vai executar esse plano.
O que é uma contratação baseada em dados?
- Mapeamento da cultura real da empresa – não o que está no site, mas o que realmente se vive no dia a dia.
- Análise comportamental e técnica do cargo – o que essa função exige em termos de competências, atitudes e valores?
- Criação de um sistema de avaliação personalizado – baseado em testes, entrevistas estruturadas e simulações.
- Acompanhamento pós-contratação com indicadores claros – performance, engajamento, aderência cultural.
Dados reduzem erros, não pessoas
Vamos a um exemplo real:
Uma startup de tecnologia com alto crescimento implementou um modelo de recrutamento por dados. Criaram um score interno para cada vaga baseado em competências técnicas e culturais. Os candidatos eram avaliados com testes comportamentais, simulações práticas e entrevistas estruturadas com base em critérios objetivos.
Resultado?
O turnover caiu 42% em 1 ano. E a produtividade média por colaborador aumentou 27%.
Agora, compare com uma empresa tradicional que ainda contrata “pela conversa”. Qual dessas está mais preparada para escalar?
Cargo certo, pessoa certa
Não existe talento “universal”. O que existe é alinhamento certo entre pessoa e desafio.
Um profissional criativo, visionário e disruptivo pode fracassar em uma empresa operacional, vertical e burocrática.
E um perfil conservador, metódico e de execução precisa de ambientes estáveis, com pouca margem para experimentação.
Nenhum dos dois está “errado” — só estão fora do lugar certo.
Contratar bem é como montar uma orquestra: não basta talento. É preciso encaixe.
O custo invisível do achismo
Cada contratação errada custa — e muito:
- Treinamento perdido
- Baixa produtividade
- Clima organizacional afetado
- Tempo do gestor
- Impacto em clientes
Segundo a Harvard Business Review, o custo médio de uma má contratação pode chegar a até 3 vezes o salário anual do colaborador.
Agora me diga: ainda vale contratar pelo “feeling”?
Conclusão
Contratar bem não é apenas uma questão de eficiência operacional.
É uma decisão estratégica que molda o futuro da empresa.
Pessoas certas nos lugares certos criam empresas exponenciais. Pessoas erradas nos lugares errados criam crises silenciosas.
Está na hora de parar de contratar por achismo, indicação ou parentesco.
Está na hora de contratar com ciência. Com método. Com dados.
Porque no fim do dia, empresas são feitas de gente. E nada é mais importante do que quem você escolhe para construir o seu sonho com você.
Vamos conversar:
Você sabe exatamente quem é o fit ideal para sua empresa?
Seu processo seletivo é mais emocional ou mais racional?