Em nenhum outro momento da história humana passamos por tantas e tão intensas transformações simultâneas. Parece exagero? Vamos a alguns exemplos:

  • A inteligência artificial levou apenas 5 dias para atingir 1 milhão de usuários (ChatGPT).
  • O TikTok destronou décadas de hegemonia da televisão e mudou completamente o comportamento de consumo de informação — em menos de 3 anos.
  • Carros, casas e até geladeiras já são conectados à nuvem e geram dados em tempo real.
  • O tempo médio de vida de uma empresa no índice S&P 500 era de 60 anos em 1960. Hoje, é inferior a 20.

Esses fatos não são apenas estatísticas chamativas. Eles representam uma quebra de paradigma. O mundo se tornou exponencial, dinâmico e não linear. Mas aqui está o ponto central deste artigo: a maioria das estratégias corporativas ainda é linear, rígida e baseada em pressupostos ultrapassados.

O Paradoxo da Excelência

Durante décadas, fomos ensinados a “fazer planejamento estratégico”, a “seguir o plano” e a “otimizar processos”. Michael Porter, Peter Drucker, Mintzberg… são nomes fundamentais que nos ensinaram a importância de posicionamento, diferenciação e eficiência. E sim, eles estavam certos — para o mundo em que viveram.

Mas hoje, a lógica é outra. O que te trouxe até aqui pode ser exatamente o que vai te impedir de ir além.

Pense nisso: o Blockbuster era excelente naquilo que fazia. O mesmo vale para a Kodak. A falência de ambas não veio pela falta de execução, mas pela incapacidade de repensar suas estratégias diante de novos contextos.

A Ilusão do Controle

No passado, planejar era desenhar o futuro com base em dados históricos. Hoje, isso é um risco. Por quê? Porque o passado não explica mais o presente, muito menos o futuro. Estratégia hoje não é sobre controlar o que vai acontecer. É sobre responder com agilidade ao que ainda nem aconteceu.

Aqui entra o conceito de estratégia adaptativa — um modelo vivo, dinâmico, iterativo, que se comporta mais como uma bússola do que como um mapa.

Mas o que é estratégia adaptativa?

É a capacidade de ajustar o rumo constantemente, sem perder o propósito. Pense na Netflix. Ela começou alugando DVDs pelo correio. Hoje, é uma gigante global de streaming, produção de conteúdo original e dados. Mas nunca deixou de ser uma empresa de “entretenimento sob demanda”. O propósito se manteve, a estratégia evoluiu — múltiplas vezes.

Estratégia adaptativa é como o Waze: você tem um destino (propósito), mas o caminho muda conforme o trânsito, buracos e acidentes. Às vezes, é preciso fazer um retorno de 180 graus. E tudo bem. É isso que garante a chegada.

A lógica da estratégia adaptativa

  1. Escutar constantemente o ambiente – dados, tendências, sinais fracos, cultura.
  2. Experimentar com rapidez e segurança – MVPs, protótipos, testes A/B.
  3. Ajustar com coragem e frequência – mudar decisões, rever premissas, quebrar egos.
  4. Aprender mais rápido que os concorrentes – agilidade de aprendizado é vantagem competitiva.

As empresas que entendem isso saem na frente

Amazon, Tesla, Nubank, Spotify, iFood, Mercado Livre. Todas têm algo em comum: não seguem planos fixos, seguem princípios adaptáveis. Seus times são montados para aprender rápido, errar barato e mudar de rumo sem medo.

Um exemplo poderoso: durante a pandemia, a Ambev usou sua estrutura logística para distribuir álcool em gel, não cerveja. Isso não estava no plano estratégico de 2019. Mas a capacidade de adaptação estratégica salvou a reputação da marca e ainda abriu novas frentes de negócio.

E a sua empresa?

Se o seu planejamento estratégico tem 200 páginas, gráficos Gantt e ciclos anuais de revisão, pare. Jogue fora. O mundo não espera mais um ano. Às vezes, um mês já é tarde demais.

Comece perguntando:

  • Estamos preparados para mudar rapidamente de direção?
  • Nosso time tem autonomia para adaptar a rota?
  • Estamos monitorando o mercado ou apenas olhando para dentro?

O novo papel dos líderes

Liderar hoje não é saber todas as respostas, mas criar ambientes onde as respostas emergem rapidamente. É abandonar o mito do “estrategista onisciente” e abraçar o papel do “facilitador de cenários”.

Um bom líder adaptativo:

  • Escuta mais do que fala.
  • Aprende com quem está na ponta.
  • Valoriza feedbacks do cliente.
  • Sabe que mudar de ideia não é fraqueza, é maturidade.

Conclusão

Estratégia não é mais um plano. É um processo contínuo de adaptação. As empresas que sobreviverão não serão as mais fortes, mas as mais adaptáveis — como Darwin já nos ensinou.

Portanto, desapegue do plano. Apegue-se ao propósito. O resto é caminho.


Se esse texto mexeu com suas certezas, ótimo. Essa era a intenção.

Vamos conversar: como sua empresa está lidando com as transformações exponenciais? Sua estratégia é viva ou apenas bonita no PowerPoint?

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